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Herbert Daniel: Uma Voz Resoluta no Coração da Folha de S. Paulo
Vinícius de Jesus Rodrigues dos Santos; Maria Cristina Gobbi
Vinícius de Jesus Rodrigues dos Santos; Maria Cristina Gobbi
Herbert Daniel: Uma Voz Resoluta no Coração da Folha de S. Paulo
Herbert Daniel: A Resolute Voice at the Heart of Folha de S. Paulo
Herbert Daniel: Una Voz Decidida en el Corazón de Folha de S. Paulo
Revista Comunicando, vol. 12, núm. 2, e023018, 2023
Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação
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Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar a diversidade no contexto político e social, concentrando-se na trajetória de Herbert Daniel, um homem gay e soropositivo cuja coragem e engajamento na luta contra o regime autoritário no Brasil ganharam destaque, com enfoque na forma como o jornal Folha de S. Paulo construiu a informação a respeito de sua imagem. Por meio de uma revisão bibliográfica e documental, bem como da análise de conteúdo, busca-se compreender como o jornal abordou a narrativa de Herbert, na figura de um ativista amplamente reconhecido por sua atuação na defesa dos direitos humanos e da causa LGBTQIAP+, destacando as tensões entre o espaço público e os direitos humanos e sociais, além de identificar estereótipos na cobertura jornalística e relacioná-los à agenda política e aos direitos.

Palavras-chave: Folha de S Paulo, Jornalismo, Costumes, Política, LGBTQIAP+.

Abstract: This article aims to analyze diversity in the political and social context, focusing on the trajectory of Herbert Daniel, a gay man and HIV-positive whose courage and engagement in the fight against the authoritarian regime in Brazil gained prominence, focusing on how the Folha de S. Paulo newspaper constructed information about his image. Through a literature and document review, as well as content analysis, we seek to understand how the newspaper addressed the narrative of Herbert, in the figure of an activist widely recognized for his actions in defense of human rights and the LGBTQIAP+ cause, highlighting the tensions between the public space and human and social rights, in addition to identifying stereotypes in news coverage and relating them to the political agenda and rights.

Keywords: Folha de S Paulo, Journalism, Customs, Politics, LGBTQIAP+.

Resumen: Este artículo tiene como objetivo analizar la diversidad en el contexto político y social, centrándose en la trayectoria de Herbert Daniel, un hombre gay y seropositivo cuyo coraje y compromiso en la lucha contra el régimen autoritario en Brasil ganó prominencia, centrándose en cómo el periódico Folha de S. Paulo construyó información sobre su imagen. A través de una revisión bibliográfica y documental, así como del análisis de contenido, buscamos comprender cómo el periódico abordó la narrativa de Herbert, en la figura de un activista ampliamente reconocido por sus acciones en defensa de los derechos humanos y de la causa LGBTQIAP+, destacando las tensiones entre el espacio público y los derechos humanos y sociales, además de identificar estereotipos en la cobertura informativa y relacionarlos con la agenda política y los derechos.

Palabras clave: Folha de S Paulo, Periodismo, Costumbres, Política, LGBTQIAP.

Carátula del artículo

Comunicação, Género e Sexualidades

Herbert Daniel: Uma Voz Resoluta no Coração da Folha de S. Paulo

Herbert Daniel: A Resolute Voice at the Heart of Folha de S. Paulo

Herbert Daniel: Una Voz Decidida en el Corazón de Folha de S. Paulo

Vinícius de Jesus Rodrigues dos Santos
Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, Brasil
Maria Cristina Gobbi
Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, Brasil
Revista Comunicando
Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, Portugal
ISSN: 2184-0636
ISSN-e: 2182-4037
Periodicidade: Semestral
vol. 12, núm. 2, e023018, 2023

Recepção: 05 Junho 2023

Aprovação: 21 Outubro 2023

Publicado: 20 Novembro 2023


1. Introdução

Este artigo propõe uma análise da representação midiática de Herbert Daniel pelo jornal Folha de S. Paulo, destacando sua jornada como guerrilheiro militante, ativista LGBTQIAP+ e defensor dos direitos da comunidade soropositiva no Brasil.

Os objetivos inerentes a esta pesquisa se concentram na condução de uma análise das narrativas midiáticas, com o propósito de investigar as estratégias discursivas adotadas pelo setor jornalístico. Adicionalmente, almeja-se compreender os possíveis impactos que tais estratégias podem exercer na formação da opinião pública e no avanço em direção a uma sociedade mais inclusiva e equitativa. Em simultaneidade, a revisão teórica tem proporcionado uma compreensão mais lúcida da interconexão entre a cobertura midiática e a agenda política, especificamente no contexto da discutida "pauta de costumes", suscitando debates no âmbito jornalístico.

Julian Rodrigues (2019), inclusive, critica o uso inadequado desse termo para representar a diversidade das lutas sociais, tais como a busca pela igualdade de gênero, igualdade racial, direitos sexuais e reprodutivos, direitos humanos, políticas afirmativas e o reconhecimento da diversidade, entre outras questões relevantes. O autor argumenta que o termo "costumes", conforme definido nos dicionários, equivale a hábitos ou práticas frequentes, comportamentos comuns. Portanto, sugere que o termo "pauta de costumes" seja substituído por "agenda de direitos". E avigora que a utilização inapropriada dessa terminologia tem o potencial de minimizar as diversas contendas sociais relacionadas à igualdade de gênero, equidade racial, direitos LGBTQIAP+, direitos humanos e diversidade.

O autor ainda enfatiza que a sociedade está verdadeiramente em busca do reconhecimento de direitos, com o objetivo de edificar um mundo justo, inclusivo, igualitário e livre de opressão, ressaltando que a atenção não está voltada para hábitos ou costumes.

Contudo, apesar das transformações em curso e das diligências envidadas, a comunidade LGBTQIAP+ continua sendo invisibilizada socialmente, juntando-se ao amplo cenário das minorias, como negros, mulheres, jovens, periféricos, dissidentes e outros grupos discriminados e oprimidos.

Por outro lado, surge uma aparente contradição ao observar que é no âmbito coletivo que grupos historicamente marginalizados buscam apoio social, encontrando resistências.

Conforme Muniz Sodré (2005), por exemplo, as movimentações sociais representam a voz dissidente das minorias, buscando desafiar a hegemonia social e reconfigurar os processos comunicativos. Essas ações visam ecoar mensagens contestatórias, contrapondo-se aos discursos dominantes que marginalizam as diferenças e resistem à subversão das identidades de gênero (Woitowicz & Fernandes, 2017). Isso culmina na cocriação de novas direções para as práticas jornalísticas.

Entretanto, essas resistências muitas vezes são embasadas em discursos equivocados e descontextualizados disseminados pela mídia, que afirmam erroneamente o pleno exercício da cidadania por parte desses grupos locais.

Assim, fundamenta-se o escopo principal desta pesquisa, que se dedica a examinar os traços jornalísticos presentes nas narrativas associadas à mencionada figura política, Herbert Daniel, que assume publicamente sua identidade no seio da comunidade. Almeja-se discernir os estereótipos presentes na cobertura e estabelecer correlações com a agenda política e os direitos sociais e humanos.

Neste contexto, o presente estudo evidencia a necessidade de uma abordagem midiática abrangente e inclusiva, centrada na apreciação da participação política, dos ideais defendidos e das repercussões sociais e culturais das lutas lideradas por destacados ativistas, ilustrado pelo caso de Herbert Daniel, que assume publicamente pertencer à comunidade LGBTQIAP+, reivindicando um lugar na política brasileira e pauta a mídia com questões sobre a diversidade.

2. Herbert (Daniel) de Carvalho e a Defesa dos Direitos Humanos

No transcurso do período de regime militar no Brasil, que ocorreu durante os anos de 1964 e 1985, emergiram inúmeros indivíduos que se destacaram por sua audácia e dedicação à luta contra o regime autoritário. Dentre esses personagens, encontra-se Herbert Eustáquio de Carvalho, posteriormente conhecido pelo pseudônimo Herbert Daniel, cujo ativismo se consagrou como um paradigma na resistência política e na defesa dos direitos humanos.

Herbert de Carvalho, um ativista homossexual, “desafiou tanto a ditadura de direita quanto setores da esquerda que reproduziam a heteronormatividade” (Quinalha, 2018, p. 1). Ele foi o último exilado a ser anistiado durante o regime militar e um dos fundadores do Partido Verde no Brasil. Sua presença na política e na mídia se destacou durante os primeiros casos confirmados de infecção no país pelo vírus HIV, a sigla em inglês para o vírus da imunodeficiência humana, causador da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Com base no livro de James Green (2018), obtivemos uma compreensão mais aprofundada da vida desse pioneiro na luta pela democracia, diversidade e inclusão no Brasil.

Desde sua infância, Herbert já apresentava características singulares, destacando-se por sua inteligência acima da média e sua paixão pelos livros. Ele frequentou o Colégio Tiradentes da Polícia Militar de Minas Gerais, uma instituição de ensino reconhecida por sua excelência acadêmica e formação integral dos alunos. No entanto, mesmo em tenra idade, Herbert deparou-se com a complexidade das questões sociais e políticas do país. Sua sexualidade, por exemplo, foi um tema que gerou inquietação e incertezas na criança que, mais tarde, se tornaria um importante ativista na luta pelos direitos das minorias sexuais. Essas tensões aumentaram à medida que ele teve suas primeiras experiências sexuais.

Considerando o contexto de heteronormatividade e masculinidade da época, respaldados por Fry (1982), Herbert foi compelido a ocultar sua verdade e manter seus desejos sexuais em segredo. Essa experiência pode ser entendida como seu primeiro exílio. Green (2018), ao descrever brevemente os encontros sexuais que ocorriam durante as escapadas noturnas do jovem estudante pelo submundo homossexual, aborda as crenças predominantes sobre a homossexualidade naquela época. O autor demonstra como Herbert Daniel sempre se esforçava para assumir o papel ativo nas relações sexuais, evitando assim ser associado à identidade de "homem afeminado", o que o ajudava a lidar com suas inclinações comportamentais.

No decorrer de sua trajetória acadêmica, Herbert de Carvalho demonstrou um talento acadêmico notável, bem como uma paixão pelas artes, escrita e teatro. Essa fase revelou-se de extrema importância tanto para o seu amadurecimento artístico quanto para sua inserção no âmbito do movimento estudantil e político de cunho esquerdista. Entretanto, ao alinhar-se à orientação ideológica predominante no espectro da esquerda daquela época, Herbert Daniel decidiu reprimir uma vez mais seus afetos homoafetivos.

Green (2018), no entanto, postula que havia uma propensão à aceitação da diversidade sexual no meio esquerdista e que ela foi influenciada pelas transformações sociais que ocorreram naquela conjuntura histórica, as quais conduziram a uma maior aceitação das perspectivas individuais acerca da homossexualidade entre os jovens do Brasil. Independentemente das causas subjacentes, tal atitude atípica de tolerância por parte dos companheiros militantes confere um caráter ainda mais fascinante e esclarecedor à trajetória de Herbert, no que diz respeito às dinâmicas sociais prevalentes naquele período.

Herbert Daniel deu início à sua participação política no Movimento Estudantil, tornando-se um fervoroso ativista engajado nas lutas contra a ditadura. Em 1968, experimentou sua primeira prisão, sob a acusação de associação a organizações de tendência esquerdista. No ano subsequente, diante da promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que se caracterizou como uma das medidas repressivas mais draconianas adotadas pelo regime, Herbert passou a adotar uma existência clandestina.

No período em que se encontrava como fugitivo das autoridades policiais, Herbert Daniel adquiriu o status de foragido após sua organização empreender atos de expropriação com o intuito de angariar recursos para a luta armada. Em decorrência disso, viu-se compelido a deixar Minas Gerais e estabelecer-se no Rio de Janeiro.

No contexto do Rio de Janeiro, Herbert Daniel desempenhou um papel de relevância na articulação com diversos grupos e organizações que se opunham ao regime vigente. Green (2018) ressalta que a habilidade de diálogo e negociação de Herbert lhe conferiu respeito e o tornou um interlocutor valorizado, contribuindo para a formação de alianças estratégicas e ações conjuntas em prol da democracia. Adicionalmente, desempenhou um papel de destaque na divulgação de informações acerca das violações aos direitos humanos perpetradas pelos militares, tanto no Brasil como no exterior em 1974, quando se exilou em Portugal.

Posteriormente, quando Herbert muda-se para Paris, no ano de 1976, emergiu como um fervoroso defensor dos direitos da comunidade LGBTQIAP+ em um contexto caracterizado por intensa repressão e discriminação. Sua luta pela igualdade e pelo respeito às diferenças desempenhou um papel crucial na conscientização e na mobilização desse grupo social, abrindo caminhos para conquistas significativas no cenário pós-ditadura (Green, 2018, p.233).

Após seu repatriamento ao Brasil em 1981, Herbert Daniel comprometeu-se com a luta contra a epidemia da AIDS, que naquela época estava em processo de disseminação pelo território nacional. Ele desempenhou um papel fundamental ao estabelecer a pioneira organização não governamental, denominada Grupo Pela Vidda[1], com o objetivo de enfrentar e prevenir a doença. Além disso, Herbert assumiu a liderança de campanhas nacionais voltadas à prevenção e à conscientização sobre a AIDS, buscando ampliar o conhecimento e promover medidas de precaução, ganhando assim mais espaço dentro da mídia em todo o país.

Ademais, Herbert manifestou-se como um proponente da legalização do aborto e da descriminalização das drogas. Sua participação ativa abrangeu a defesa dos direitos das mulheres em relação ao acesso seguro e legal ao procedimento de interrupção da gravidez, bem como a promoção da legalização das substâncias entorpecentes, com vistas a combater o tráfico e a reduzir a violência correlata. Além de seu envolvimento político, Herbert Daniel também se destacou como intelectual e escritor, dedicando-se à publicação de inúmeros livros e artigos que abordam temáticas sociológicas, políticas e de direitos humanos. Sua notoriedade acadêmica se ampliou ainda mais por meio de sua participação em diversos congressos e seminários realizados em âmbito nacional e internacional.

Herbert (Daniel) de Carvalho veio a óbito em 1992, sendo vítima da AIDS. Sua notável trajetória de vida e de militância político-social permanece memorável na atualidade, destacando-se como um exemplo de coragem e determinação. Mesmo após seu falecimento, Herbert Daniel continua a ser uma figura de influência na luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+, e seu legado perpetua-se como uma força inspiradora.

3. Jornal Folha de S. Paulo e a Pauta de “Costumes”

Antes de abordar de forma crítica as posturas adotadas pela Folha de S. Paulo em relação à comunidade LGBTQIAP+ e ao ativista Herbert Daniel, é saliente destacar o discurso proferido pelo periódico nos últimos anos, no qual expressa um compromisso em acompanhar os debates legislativos associados a temas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção por casais homoafetivos e os direitos LGBTs. Contudo, a prática adotada pela Folha de S. Paulo, ao que tudo indica, não reflete integralmente os preceitos enunciados em seu discurso.

De acordo com Iran Melo (2017), a Folha de S. Paulo, enquanto um dos principais veículos de imprensa do Brasil, parece ser superficial, limitada e marcada pela ausência de uma representação inclusiva e genuína da comunidade LGBTQIAP+ em suas folhas. Em relação à comunidade, o pesquisador afirma que o jornal, embora adote uma postura progressista, ainda levanta questionamentos sobre a real profundidade do engajamento na ampla compreensão da diversidade de experiências e identidades existentes.

Em uma matéria de 2018, publicada, Mena (2018) aborda os preconceitos enfrentados pela comunidade LGBTQIAP+ no Brasil, questionando a eficácia das leis existentes para mitigar tais formas de discriminação. Apesar da abrangência dos temas tratados, como transexualidade, não-binariedade e adoção de pronomes neutros, a referida matéria negligencia a inclusão direta de relatos provenientes de indivíduos trans e não-binários. Além disso, ao optar por entrevistar um parlamentar holandês em detrimento de proporcionar espaço para vozes brasileiras dentro da comunidade, a matéria revela uma deficiência em refletir as experiências locais, deixando de fornecer uma representação mais autêntica e pertinente para os leitores brasileiros.

Em estudo realizado por Alexandre Rocha da Silva (2022), o pesquisador analisou e discutiu como o periódico abordou midiaticamente as discussões acerca da União Civil Homossexual no Brasil. O autor realizou uma análise crítica das matérias veiculadas, revelando a estratégia adotada pelo sistema midiático em questão.

Segundo Silva (2022), a Folha de S. Paulo buscou garantir uma ampla base de consumidores e, para tanto, apropriou-se do discurso politicamente correto, defendendo a legalização do projeto sob uma perspectiva cidadã. Entretanto, ao mesmo tempo, foram explorados preconceitos historicamente construídos em matérias aparentemente triviais, evidenciando contradições na abordagem adotada. De acordo com o autor:

o eixo de contiguidades assim constituído desempenha a função de criar um paradigma, a partir de temas aparentemente ‘descontraídos’, desinteressados, mas que estabelecem, sub-repticiamente, a cartografia cognitiva dos processos sociais, comprometida com a manutenção do poder dessa indústria da cultura. (Silva, 2022, p. 10)

Possivelmente como uma tentativa de atenuar essas questões, o jornal tem buscado oferecer visibilidade aos colunistas pertencentes à comunidade LGBTQIAP+. Em 2019, a contratação de Renata Carvalho, jornalista e pioneira no teatro ao interpretar Jesus como mulher trans, foi anunciada com a intenção de conceder-lhe uma coluna quinzenal. Adicionalmente, a Folha de S. Paulo já veiculou colunas de outros profissionais do jornalismo e ativistas LGBTQIAP+, incluindo nomes como João Silvério Trevisan, Jean Wyllys e Marina Santa Helena.

Contudo, alguns analistas, como Barros Junior e Santos (2019), argumentam que o jornal ainda apresenta uma abordagem limitada em relação à diversidade LGBTQIAP+. Por exemplo, o fato do jornal ainda privilegiar a experiência de homens gays brancos de classe média, em detrimento de outras identidades, etnias, classe social e vivências presentes na comunidade.

Em uma pesquisa exploratória com a finalidade de analisar a abordagem do jornal Folha de S. Paulo acerca de temáticas pertinentes à população LGBTQIAP+ desde a implementação da editoria de “Diversidade” no primeiro semestre de 2019, Barros Junior e Santos (2019) expõem que, apesar das iniciativas iniciais da Folha de S. Paulo em promover a ampliação da diversidade e cumprir o propósito social do jornalismo, a maior parte de sua atenção ainda se concentra nos subgrupos predominantes dentro da sigla LGBTQIAP+, ou seja, indivíduos cisgênero e homens gays. A presença de pessoas cisgênero representa 70,5% do conteúdo analisado em termos de gênero, enquanto os homens gays representam 75% do conteúdo em termos de orientação sexual.

Além disso, foi observado um número muito baixo de representação de lésbicas (16,6% do conteúdo em termos de orientação), travestis (5,8% do conteúdo em termos de gênero) e bissexuais (8,3% do conteúdo em termos de orientação), grupos que historicamente sofrem preconceito inclusive dentro da própria comunidade LGBTQIAP+. Representações de sexualidades mais complexas, como transexuais homossexuais ou bissexuais, não foram registradas durante o período analisado. A população agênero teve uma representação mínima, com apenas uma fonte identificada como tal durante o período de coleta de dados (Barros Júnior & Santos, 2019, p. 138).

Ademais, o jornal frequentemente veicula discursos que incorporam preconceitos e estereótipos em suas reportagens, o que suscita questionamentos substanciais acerca de sua imparcialidade e sensibilidade. Um exemplo notório dessa tendência é a perceptível propensão, presente em algumas matérias, de enquadrar indivíduos LGBTQIAP+ exclusivamente em termos de sua orientação sexual ou identidade de gênero, seja ao abordar questões de violência ou cultura (Barros Júnior & Santos, 2019, p. 126). Este viés, amplificado pelas vozes de artistas e ativistas, resulta na omissão completa da riqueza e complexidade das vivências e identidades dessa comunidade.

Outro ponto de crítica que deve ser direcionado à Folha de S. Paulo é sua propensão a tratar a questão LGBTQIAP+ como algo restrito à comunidade. Essa abordagem acaba reforçando a noção equivocada de que a luta pelos direitos LGBTQIAP+ é apenas uma "questão de minorias", quando, na verdade, é parte integrante de uma batalha por justiça social em um contexto mais amplo.

Contudo, é importante destacar que, mesmo diante dessas críticas e em contraposição às opiniões divergentes na comunidade, o periódico desempenha um papel de relevância ao ampliar a visibilidade da luta LGBTQIAP+ e fomentar a discussão sobre suas questões intrínsecas.

Melo (2017), por exemplo, expõe que o histórico do jornal demonstra um interesse estratégico em abordar temas que cativem um amplo público leitor. Conforme suas conclusões, o grupo empresarial responsável pela Folha de S. Paulo liderou campanhas ao longo do tempo, visando diversos objetivos, algumas delas direcionadas a promover a participação popular e a posicionar a empresa de maneira explícita diante das demandas sociais.

Além disso, Melo sustenta que a cobertura da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo[2], por parte do referido jornal, configura uma prática jornalística singular em sua trajetória política e ideológica. Ele interpreta o interesse da Folha em pautar e veicular informações sobre o evento como uma resposta às dinâmicas de mercado e em consonância com os padrões de agenda social vigentes na mídia contemporânea, em que esta é percebida como uma plataforma para espetáculos ou para denunciar os dilemas sociais atuais. A abordagem da Parada é concebida de forma estratégica para atrair a atenção do público, adotando variações que vão desde um enfoque espetacular até uma abordagem mais voltada para a denúncia dos conflitos sociais presentes na sociedade contemporânea.

Diante deste contexto, a seleção da Folha de S. Paulo como foco de estudo é guiada pela busca de uma compreensão aprofundada e uma análise crítica das nuances presentes em sua posição editorial, especialmente no contexto pós-ditadura militar no Brasil. Do ponto de vista autoral, examinar o conteúdo e as abordagens da Folha permite explorar como o jornal abordou as mudanças políticas, os desafios sociais e os debates cruciais que marcaram o período pós-ditadura, principalmente diante da visibilidade que o movimento LGBTQIAP+ ganhava em meio aos progressistas. Isso permite uma análise aprofundada das complexidades do jornalismo, levando em consideração as potenciais mudanças e adaptações no cenário político e midiático da época, e como esses fatores podem moldar a narrativa jornalística.

4. Metodologia

A estratégia metodológica adotada para esta pesquisa partiu da realização de uma revisão bibliográfica e documental sobre o tema. A partir das análises exploratórias no material coletado, os resultados estão amparados na Análise de Conteúdo de Bardin (2011). Esta abordagem permitiu o desenvolvimento de variáveis, oportunizando uma análise minuciosa e aprofundada do conteúdo presente nas publicações do periódico Folha de S. Paulo, focalizando no indivíduo, a partir do momento em que ele torna pública sua orientação sexual, após retornar do exílio.

O cerne da pesquisa reside em desvelar a abordagem jornalística manifesta nessas publicações, considerando não apenas os eventos em si, mas também as complexas dinâmicas que se entrelaçam entre os domínios público e privado. Esta análise foi realizada à luz dos princípios fundamentais dos direitos humanos, que oferecem um arcabouço valioso para interpretar e avaliar o tratamento dado pela mídia aos aspectos da orientação sexual.

A escolha específica do periódico Jornal Folha de S. Paulo se justifica pela sua expressiva influência no cenário midiático brasileiro. Como veículo de comunicação de grande alcance, desempenha um papel crucial na formação de opinião, na disseminação de informações e no reflexo dos eventos sociais e políticos, tornando-a uma fonte representativa para entender a dinâmica da comunicação e seu impacto na sociedade contemporânea.

Buscamos compreender as diversas facetas que permeiam a composição das notícias, os critérios de relevância adotados e a forma como o veículo de comunicação molda suas narrativas. Este escopo analítico visa examinar como o jornal concebe suas abordagens, considerando as lutas e avanços relacionados aos direitos sociais, oferecendo uma perspectiva rica e completa sobre essa temática.

Para essa finalidade, no acervo digital do periódico foram empregadas ferramentas de busca por palavras-chave específicas, nomeadamente: 'Herbert Daniel', 'Herbert de Carvalho' e ‘Herbert Eustáquio de Carvalho’.

A pesquisa englobou o período de 05/01/1981 a 22/12/1990, abrangendo um total de 14 matérias. Essas matérias foram categorizadas de duas maneiras distintas:

  1. 1. (1) Menção direta: na qual foram consideradas as publicações que estão diretamente relacionadas ao tema, ao sujeito da pesquisa ou a situações enfrentadas pelo mesmo;

    (2) Menção indireta: na qual são tratadas temáticas que envolvem outros assuntos, mas que estavam relacionados ao sujeito analisado. Desta forma, foram escolhidas apenas três matérias para serem analisadas neste artigo.

A seleção criteriosa de apenas três das 14 matérias identificadas para análise se justifica pela abordagem diferenciada e mais aprofundada que o periódico adotou ao tratar da figura de Herbert Daniel em tais publicações. No período estudado, foi observado que estas apresentaram um destaque significativo para Herbert Daniel, proporcionando uma análise mais minuciosa e direta sobre sua orientação sexual e as circunstâncias que a envolviam.

Nessas três matérias selecionadas, o jornal abordou, de alguma forma, a orientação sexual de Herbert de maneira mais explícita, proporcionando insights mais profundos sobre sua experiência e as reações sociais que ele enfrentou. Em contraste, nas outras 11 matérias, Herbert foi citado de forma mais superficial e menos focada, não permitindo uma análise detalhada de sua vivência e do contexto que o envolvia.

Essa abordagem se alinha ao propósito da pesquisa, que busca não apenas quantificar a presença de menções, mas também qualificar a profundidade e o teor das referências ao sujeito de análise em questão. Assim, a escolha se embasa na necessidade de obter uma compreensão mais completa e substancial da representação de Herbert no contexto jornalístico analisado.

5. Pontos de Confluência: Entre a Pauta de Costumes e os Direitos Humanos

A primeira reportagem, escrita por Natali (1981) para a Folha de S. Paulo a respeito de Herbert Daniel, apresenta-o como um militante e retrata sua participação durante o período de guerrilha, bem como os desafios que ele enfrentava para retornar ao Brasil. No entanto, apesar da orientação sexual de Herbert ser de conhecimento público, o jornal parece negligenciar essa informação ao se referir ao seu parceiro na época como um "colega de militância".

Essa abordagem adotada pelo jornal levanta questões relevantes acerca da representação e visibilidade das relações afetivas entre pessoas do mesmo sexo na mídia. Ao minimizar ou omitir intencionalmente a natureza do relacionamento de Herbert Daniel, a Folha de S. Paulo poderia estar a contribuir para a invisibilidade e sub-representação de casais homoafetivos. Essas práticas midiáticas têm o potencial de perpetuar estereótipos e reforçar a hegemonia da heteronormatividade na cobertura jornalística.


Figura 1
Matéria da editoria “Nacional” publicada em 05 de janeiro de 1981
Nota: extraído de Acervo Digital - Folha de S.Paulo

O periódico levou cerca de um ano para começar a retratar adequadamente a vida homoafetiva do militante Herbert Daniel. Em uma matéria publicada Caldas (1982), logo após o lançamento do livro "Passagem para o Próximo Sonho" de Herbert, o periódico parece abraçar mais abertamente sua homossexualidade e desviar um pouco do enfoque do "Herbert Guerrilheiro" para concentrar-se mais no "Herbert Exilado". Sua orientação sexual é mencionada pela primeira vez diretamente e sem rodeios, como na matéria apresentada a pouco.

Essa mudança de abordagem da Folha de S. Paulo em relação à vida homoafetiva de Herbert Daniel indica uma evolução no tratamento do tema pela mídia. No entanto, é importante observar que, mesmo nesse contexto, a reportagem ainda reflete uma perspectiva influenciada pelas normas morais vigentes na década de 1980, ao considerar a homossexualidade como um "problema" e utilizar o termo "homossexualismo", que carrega uma conotação patologizante. Esse tipo de linguagem pode perpetuar estigmas e estereótipos em relação à homossexualidade, contribuindo para a marginalização e discriminação de pessoas LGBTQIAP+.


Figura 2
Matéria da editoria “Livros” publicada em 07 de março de 1982
Nota: extraído de Acervo Digital - Folha de S.Paulo

Sobre isso, Bourdieu (1996) delineia o papel do discurso herético no âmbito da produção do conhecimento, ressaltando sua contribuição na elaboração de uma nova perspectiva da realidade com vistas a fomentar a aplicação do conhecimento em prol do bem-estar coletivo. O estudo da linguagem espelha a dualidade inerente à construção do conhecimento acadêmico, conciliando aprofundamento vertical do saber com um diálogo horizontal que abarca essa dimensão cognitiva. A finalidade subjacente é a conversão desse conhecimento em um bem simbólico acessível à população, com o intuito de promover sua emancipação social. E reforça que,

o discurso herético deve contribuir não somente para romper com a adesão ao mundo do senso comum, professando publicamente a ruptura com a ordem ordinária, mas também produzir um novo senso comum e nele introduzir as práticas e as experiências até então tácitas ou recalcadas de todo um grupo, agora investidas da legitimidade conferida pela manifestação pública e pelo reconhecimento coletivo. (Bourdieu, 1996, p. 119)

Enfatiza-se que esse processo que Bourdieu (1996) ressalta não almeja impor visões ou normas que limitem a percepção e ação individuais em relação à realidade. Por meio da abordagem semiótica de práticas comunicativas, como a representação midiática de indivíduos LGBTQIAP+, busca-se viabilizar uma reflexividade ideal entre a população, acerca do potencial da linguagem no contexto do empoderamento frente a questões de ideologia, preconceito e dominação que impactam esse segmento da sociedade.

Após um intervalo de aproximadamente quatro anos, Herbert Daniel ressurge no cenário midiático através de uma aparição mais proeminente na Folha de S. Paulo. O motivo dessa nova exposição deve-se à entrevista concedida por ele, na qual se discute sua candidatura ao cargo de deputado estadual pelo estado do Rio de Janeiro, sendo notavelmente retratado como o "candidato homossexual". Entretanto, é necessário observar que, mais uma vez, o periódico faz escolhas questionáveis ao utilizar aspas ao apresentar o artista gráfico Cláudio Mesquita como marido de Herbert, conferindo, assim, uma conotação irônica ao termo empregado.


Figura 3
Matéria da editoria “Política” publicada em 29 de setembro de 1986
Nota: extraído de Acervo Digital - Folha de S.Paulo

Ao longo dos quatro anos subsequentes, Herbert Daniel é ocasionalmente mencionado em algumas edições da Folha de S. Paulo, como está de Beraba (1986). Dentre essas ocorrências, merecem destaque as matérias que abordam, de forma sucinta, a possível candidatura de Herbert à Presidência da República pelo Partido Verde, bem como a publicação de uma carta por ele redigida e dirigida ao líder cubano Fidel Castro, na qual questiona as políticas adotadas por Cuba no contexto da epidemia de AIDS. Com exceção dessas ocasiões, Herbert raramente figura nas páginas do jornal, sendo mencionado apenas como fonte em reportagens que tratam do tema da AIDS. Afinal, de acordo com Green (2018), sua atuação como ativista na luta contra a epidemia e sua contribuição para o debate sobre saúde pública, prevenção e conscientização, conferiram-lhe um papel relevante nesse contexto específico.

A relação entre a Folha de S. Paulo e o militante revela-se como um retrato complexo e multifacetado no contexto da imprensa brasileira. Como podemos ver, ao longo dos anos, a presença de Herbert Daniel nas páginas do periódico apresentou-se de maneira intermitente e, em certos momentos, controversa. Durante o período em questão, ele foi objeto de atenção midiática, sendo mencionado em diferentes ocasiões. Sua atuação como ativista na luta contra a epidemia e sua contribuição para o debate sobre saúde pública, prevenção e conscientização, conferiram-lhe um papel relevante nesse contexto específico. No entanto, é importante ressaltar que sua cobertura não foi uniforme e variou em termos de destaque e enfoque temático.

Em suma, a relação entre o periódico e o protagonista foi marcada por momentos de visibilidade e controvérsias, refletindo a dinâmica complexa entre a mídia e os atores políticos e sociais engajados na defesa de direitos e na promoção de mudanças na sociedade. No momento do falecimento de Herbert Daniel, no ano de 1992, a publicação do jornal Folha de S. Paulo não contemplou qualquer artigo ou comunicado a respeito do lamento decorrente do falecimento deste altivo guerrilheiro homossexual, cidadão que viveu em prol dos direitos da comunidade LGBTQIAP+, e seu grande legado social.

Considerações Finais

Com base em uma revisão abrangente da literatura acadêmica e análise dos objetos de estudo, sustenta-se a argumentação de que a Folha de S. Paulo, dentro do cenário do jornalismo brasileiro, muitas vezes apresenta uma representação seletiva e controversa da comunidade LGBTQIAP+. Nesse contexto, o periódico se configura como um exemplo de veículo de comunicação que, embora reconheça a importância dessa pauta, também reproduz uma visão antiquada e limitada.

A análise adquire maior relevância quando observamos o modo como o jornal retratou Herbert Daniel, uma figura emblemática que tornou pública sua orientação sexual em um período marcado por preconceitos e desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIAP+. A escolha de explorar o tratamento dado a Herbert Daniel nesta análise é crucial, pois ele se torna um ponto focal que ilustra as dinâmicas complexas presentes na representação midiática de indivíduos LGBTQIAP+.

Ao focar nas três matérias específicas que apresentaram uma abordagem mais direta sobre Herbert Daniel — em contraste com as outras 11 que o citaram de maneira superficial —, podemos discernir padrões de representação. A análise dessa relação complexa entre a Folha de S. Paulo e o militante revela uma dinâmica intrincada entre a mídia e os atores políticos e sociais que buscam defender direitos e promover mudanças na sociedade. A abordagem superficial nas outras matérias, por exemplo, sugere que a representação da orientação sexual de Herbert muitas vezes era secundária ou apenas uma menção periférica.

Isso denota, de certa maneira, que a Folha, como veículo de grande influência, não demonstrou uma tendência a fornecer uma cobertura mais aprofundada quando a orientação sexual de Herbert era o tema central, favorecendo a perspectiva dos indivíduos heterossexuais em detrimento da perspectiva dos sujeitos LGBTQIAP+. Iran Melo (2017) reforça essa ideia e acrescenta que:

em nenhuma de suas fases históricas, esse jornal esteve oficialmente ligado a um projeto de visibilidade de minorias, muito menos a ações ativistas de LGBT. Isso faz com que o trabalho de tematização e destaque empreendido através do noticiário sobre as Paradas nesse periódico funcione como uma espécie de prática jornalística inédita na trajetória político-ideológica da Folha e, em virtude da representatividade desse jornal no cenário da imprensa brasileira, faz também com que tenha o mesmo significado na história da imprensa de nosso país. (Melo, 2017, p.136)

É importante destacar que as escolhas editoriais e a abordagem adotada pela Folha de S. Paulo analisadas não são consensuais ou isentas de críticas. Em certos casos, como analisado, foram observadas escolhas infelizes ou o uso de ironias na forma como o jornal retratava Herbert Daniel, como o emprego de aspas ao se referir ao seu relacionamento afetivo ou a falta de continuidade na cobertura de sua militância política.

Com base no caso de Herbert Daniel e na sua representação estereotipada na Folha de S. Paulo, torna-se evidente que ainda existem desafios significativos a serem enfrentados para garantir uma cobertura midiática objetiva, transparente, inclusiva e precisa em relação à comunidade LGBTQIAP+. Reconhecer e abordar essa problemática de forma mais holística é fundamental para um jornalismo verdadeiramente inclusivo e consciente. Isso requer a abrangência de vozes diversas dentro dessa comunidade e a adoção de uma abordagem mais crítica diante dos discursos preconceituosos e estereótipos frequentemente presentes na cobertura midiática das questões da comunidade LGBTQIAP+.

Em última análise, a forma como a Folha de S. Paulo retratou e continua retratando a comunidade LGBTQIAP+ reflete as transformações que ocorrem na sociedade brasileira como um todo. À medida que mais pessoas LGBTQIAP+ adquirem visibilidade e voz nos meios de comunicação, é possível esperar que a cobertura da Folha de S. Paulo se expanda para abranger uma diversidade de identidades e de experiências dentro dessa comunidade. No entanto, essa ampliação requer um compromisso contínuo com a superação de preconceitos e estereótipos arraigados, a fim de proporcionar uma representação mais abrangente e inclusiva. É necessário um esforço conjunto para garantir que o periódico desempenhe um papel construtivo na promoção da igualdade e no combate à discriminação e a desinformação a respeito da comunidade LGBTQIAP+.

Material suplementar
Referências
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Barros Junior, R. A. & Santos, A. P. dos. (2019). LGBT em Folha: um estudo sobre a diversidade na Folha de S. Paulo. In Anais de artigos completos do XIII Seminário Nacional de Mídia e Cultura, (pp. 125-140). https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1072/o/Anais_Semic_Cultura.pdf
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Quinalha, R. (2018, Agosto 3). Herbert Daniel: vida extraordinária. Revista CULT. https://revistacult.uol.com.br/home/herbert-daniel-vida-extraordinaria/
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Natali, J. B. (1981, Janeiro 5). Apesar da anistia, ainda resta um exilado na França Folha de S. Paulo.
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Silva, A. R. da. (2022). Produção jornalística de sexualidades: como a Folha de S. Paulo midiatizou os debates sobre União Civil Homossexual no Brasil. Intexto, (54), 120483. https://doi.org/10.19132/1807-8583202254.120483
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Woitowicz, K. J., & Fernandes, G. M. (2017). Folkcomunicação e Estudos de Gênero: práticas de comunicação nos grupos homossexuais. Chasqui. Revista Latinoamericana de Comunicación, 135, 233. https://doi.org/10.16921/chasqui.v0i135.2795
Notas
Notas
[1] Fundado em 24 de maio de 1989, trata-se do primeiro Grupo do Brasil formado por pessoas com HIV e Aids.
[2] A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é uma ação coletiva anual realizada na cidade, onde seus participantes celebram a diversidade e defendem a igualdade de direitos para a comunidade LGBTQIAP+.
Editores: Alice Balbé e Carla Martins
Autor notes
Vinícius dos Santos é graduando em Jornalismo pela Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design, na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp). Foi pesquisador bolsista de Iniciação Científica pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e foi responsável pela concetualização, curadoria dos dados, investigação, metodologia, análise formal, redação – rascunho original e edição deste artigo.
Maria Cristina Gobbi é pesquisadora Livre-Docente em História da Comunicação e da Cultura Midiática na América Latina (2014) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Bolsista de Produtividade do CNPq-nível 2. Professora no Departamento de Comunicação, dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC), Bauru, São Paulo, Brasil. Bolsista (Processo 22/08397-6) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Também foi responsável pela metodologia, administração do projeto, supervisão, validação, redação – revisão e edição.

Figura 1
Matéria da editoria “Nacional” publicada em 05 de janeiro de 1981
Nota: extraído de Acervo Digital - Folha de S.Paulo

Figura 2
Matéria da editoria “Livros” publicada em 07 de março de 1982
Nota: extraído de Acervo Digital - Folha de S.Paulo

Figura 3
Matéria da editoria “Política” publicada em 29 de setembro de 1986
Nota: extraído de Acervo Digital - Folha de S.Paulo
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