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"Insurrección": Relações de Poder em Jornais Espanhóis sobre o Referendo de Independência da Catalunya
Evelyn Aquino
Evelyn Aquino
"Insurrección": Relações de Poder em Jornais Espanhóis sobre o Referendo de Independência da Catalunya
"Insurrección": Power Relations in Spanish Newspapers on the Referendum of Independence of Catalunya
"Insurrección": Relaciones de Poder en los Diarios Españoles sobre el Referéndum de Independencia de Catalunya
Revista Comunicando, vol. 12, núm. 1, e023001, 2023
Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação
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Resumo: Propomos o estudo dos modos de construção dos discursos sobre o Referendo de Independência da Catalunya nos jornais El País, El Periódico de Catalunya, El Mundo e La Vanguardia. Analisamos as capas dos periódicos do dia 2 de outubro de 2017. O método de investigação utilizado é a Análise Crítica do Discurso (ACD) pela abordagem multidisciplinar de van Dijk (2005). Contextualizamos a trajetória histórica da luta autonomista da Catalunya e a natureza institucional dos jornais. Observamos que os jornais são rivais em seus posicionamentos ideológicos, no que tange aos discursos empregados, e constatamos que o El País e o El Mundo deslegitimaram a consulta, descaracterizando os anseios históricos da proposta separatória enquanto o El Periódico de Catalunya e o La Vanguardia exaltaram o resultado positivo e ratificaram seu perfil militante na causa independentista.

Palavras-chave: Referendo, Catalunya, Periódicos, Análise do Discurso.

Abstract: We propose the study of the ways of construction of discourses about the Catalunya Independence Referendum in the newspapers El País, El Periódico de Catalunya, El Mundo and La Vanguardia. We analyzed the covers of the periodicals on October 2, 2017. The research method used is Critical Discourse Analysis (CDA) through the multidisciplinary approach of van Dijk's (2005). We contextualized the historical trajectory of Catalunya's autonomist struggle and the institutional nature of newspapers. We observed that the newspapers are rivals in their ideological positions, with regard to the discourses used, we found that El País and El Mundo delegitimized the consultation, mischaracterizing the historical aspirations of the separation proposal while El Periódico de Catalunya and La Vanguardia exalted the positive result and ratified their militant profile in the independence cause.

Keywords: Referendum, Catalunya, Periodicals, Discourse Analysis.

Resumen: Nos proponemos el estudio de los modos de construcción de los discursos sobre el Referéndum de Independencia de Catalunya en los diarios El País, El Periódico de Catalunya, El Mundo y La Vanguardia. Analizamos las portadas de los periódicos del 2 de octubre de 2017. El método de investigación utilizado es el Análisis Crítico del Discurso (ACD) a través del abordaje multidisciplinario de van Dijk (2005). Contextualizamos la trayectoria histórica de la lucha autonomista de Catalunya y la institucionalidad de los periódicos. Observamos que los diarios son rivales en sus posiciones ideológicas, en cuanto a los discursos utilizados, encontramos que El País y El Mundo deslegitimaron la consulta, desvirtuando las aspiraciones históricas de la propuesta de separación mientras que El Periódico de Catalunya y La Vanguardia exaltaron lo positivo resultado y ratificaron su perfil militante en la causa independentista.

Palabras clave: Referéndum, Cataluña, Publicaciones Periódicas, Análisis del Discurso.

Carátula del artículo

Comunicação Política

"Insurrección": Relações de Poder em Jornais Espanhóis sobre o Referendo de Independência da Catalunya

"Insurrección": Power Relations in Spanish Newspapers on the Referendum of Independence of Catalunya

"Insurrección": Relaciones de Poder en los Diarios Españoles sobre el Referéndum de Independencia de Catalunya

Evelyn Aquino
Universidade do Minho, Portugal
Revista Comunicando
Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, Portugal
ISSN: 2184-0636
ISSN-e: 2182-4037
Periodicidade: Semestral
vol. 12, núm. 1, e023001, 2023

Recepção: 19 Outubro 2022

Aprovação: 18 Janeiro 2023

Publicado: 24 Fevereiro 2023


1. Introdução

Em 1° de outubro de 2017, a população residente na Comunidade Autônoma da Catalunya foi convocada a opinar no Referendo de Independência da região, conhecido como 1-O, sobre a seguinte questão: “Quer que a Catalunya seja um Estado independente em forma de república?”. De autoria do Governo Regional da Catalunya, o Referendo é mais uma iniciativa que faz parte de um longo processo histórico de tentativa de autodeterminação da região que deseja emancipar-se do território espanhol.

O resultado do referendo foi favorável à emancipação da Catalunya. No total, 2.286 milhões de pessoas compareceram ao pleito e a participação foi de 43,03% dos eleitores registrados. O Sim à independência venceu com 2.044 (90,18%) milhões de votos, enquanto o Não obteve 177.547 (7,83%) das decisões, sendo os votos em branco 44.913 e os nulos 19.719 (Vila, 2017).

Nesse contexto, este artigo busca perceber como foram apresentados e quais os discursos dos jornais El País, El Periódico de Catalunya, El Mundo e La Vanguardia sobre o Referendo de Independência da Catalunya? A escolha dos jornais se deve ao fato de serem grandes periódicos espanhóis que falam a partir de um determinado lugar com ideologias opostas. Além da alargada trajetória jornalística dos periódicos, que lhes garante prestígio local e internacional, a presença do Referendo da Catalunya em suas edições foi bastante ativa, especialmente no dia da consulta popular, com a primeira página inteira dedicada ao assunto em diferentes perspectivas e formatos de análise, como matéria factual, opinião de políticos envolvidos no processo eleitoral, presença de atores como a polícia e os eleitores, e seus lugares antagônicos diante da causa, uns tentando exercer seu direito de voto e outros buscando coibir esse direito a partir de uma possível prerrogativa de ilegitimidade do pleito.

Foi diante dessa riqueza de ingredientes intertextuais de análise que optamos por observar as capas dos jornais El País, El Periódico de Catalunya, El Mundo e La Vanguardia do dia 2 de outubro de 2017, de forma comparativa, por meio da recolha das manchetes para demonstrar e analisar as estratégias jornalísticas no que diz respeito à construção social de sentidos; as relações de disputa de poder e ideologias na construção de discursos antagônicos sobre o Referendo de Independência da Catalunya.

Consideramos a primeira página do jornal um espaço privilegiado de conteúdo, uma espécie de vitrine editorial de forte influência política, que pode, conforme afirmam Medeiros et al. (2010, p. 440) “informar sobre seus objetivos e sobre a maneira como cada diário se posiciona política, cultural e socialmente. Diz muito sobre o jornal como um todo, refletindo escolhas feitas pelos editores acerca das informações que consideram mais importantes no dia”.

Segundo Lopes et al. (2013), enquanto construção social de sentidos, as notícias reproduzem estruturas e relações de poder em disputas discursivas constantes que promovem zonas de visibilidade e de obscuridade. As práticas comunicacionais jornalísticas empregam modos e linguagens de forma a orientar, com maior ou menor controle, os sentidos obtidos a partir de seus conteúdos noticiosos para informar e colocar em cena discursos político-sociais.

Além disso, o jornalismo possui grande responsabilidade social na esfera pública como formador de opinião, seleção de agenda e valores-notícia, o que torna fundamental o desenvolvimento de trabalhos de acompanhamento permanente de base científica. Esse monitoramento pode acontecer em vários âmbitos, indo desde o processo produtivo noticioso até à recepção/apropriação de seus conteúdos e, posteriormente, interação com suas formas de comunicar. Este trabalho centra-se nos textos noticiosos, nas mensagens, discurso e práticas jornalísticas apreendidas nas matérias dos jornais.

Como afirma van Dijk (2005, p. 14), as notícias possuem "o discurso através do qual nós adquirimos a maior parte do que sabemos sobre o mundo para além das nossas experiências pessoais, e através do qual muitas das nossas opiniões sociais e atitudes são formadas". Seguindo as proposições de van Dijk (2005, p. 55), discurso é entendido neste trabalho como "evento comunicativo, que ocorre numa situação social, contendo uma localização espacial, temporal, participantes em diferentes papéis, acções, dentre outros".

Os estudos de comunicação jornalística/política sobre processos históricos, políticos, sociais e identitários referentes ao desmembramento de países para a formação de novos Estados-Nação é uma temática de poucos estudos na Europa, entendendo-se que os projetos e disputas autonomistas e de resistência a estas são comuns no mundo todo. Busca-se, com esta análise crítica, contribuir e dialogar com as proposições de outros trabalhos semelhantes desenvolvidos a nível internacional.

Assim, objetivamos nesta investigação:

  1. 1. 1. Contextualizar o processo histórico de busca de independência da Catalunya que culminou com o referendo em outubro de 2017;

    2. Explicar as particularidades dos jornais pesquisados e das práticas jornalísticas para a construção social de sentidos exercidas no campo político;

    3. Discutir a abordagem teórico-metodológica desenhada aos contextos das notícias selecionadas para compreender parte visível de um processo histórico complexo tecido por relações de poder.

O método utilizado é a análise crítica do discurso (ACD) aos moldes do modelo teórico-metodológico proposto por Teun A. van Dijk (2005). Este autor orienta a uma análise crítica, sociocognitiva — relação entre texto e contexto — e multidisciplinar — que dialoga com diferentes Campos de conhecimento —, através da adoção de problemáticas, objetos e valores que colaborem para uma melhor compreensão das interfaces de discursos, poderes e ideologias.

O artigo está dividido em quatro partes. Primeiro, contextualizamos a trajetória histórica-política das pretensões autonomistas da Catalunya, além de apresentar outras propostas semelhantes na Europa. No seguimento, apresentamos a opção metodologia do trabalho, tomando como mapa analítico as disputas e construções discursivas no âmbito da comunicação midiática dos periódicos. Na terceira parte, analisamos as capas dos jornais selecionados do dia 2 de outubro de 2017 — dia seguinte ao pleito por apresentar maior riqueza de dados sobre o acontecimento. Na última parte, sintetizamos a discussão e concluímos a análise.

2. O Referendo de Independência da Catalunya

Continentes extensos como a Europa, com países portadores de multinacionalidades, conjugando dentro destas, características étnico-culturais diversas e significativo nível de autogestão e de organização, despertam, entre segmentos sociais específicos, o sentimento de separação de seus territórios da área de origem em busca do fortalecimento da coesão social de suas comunidades. A Espanha é um exemplo da expansão de movimentos políticos autonomistas que se deflagraram em algumas Comunidades Autônomas como a Galiza, Navarra, País Basco e a Catalunya (Pena, 2017), sendo esta última o local onde concentra-se este estudo, pela grande notoriedade midiática internacional que o separatismo recebeu nos últimos tempos.

A Catalunya está situada no nordeste do território espanhol e possui 7,5 milhões de habitantes. Generalitat é o nome do seu governo regional, liderado desde 2016 por Carles Puigdemont, jornalista de 54 anos e militante da causa autonomista. A Comunidade Autônoma possui órgãos próprios, como a polícia, denominada Mossos d'Esquadra e a Suprema Corte (Gauchazh Mundo, 2017). A região possui traços culturais centrais, especialmente a língua catalã. Apesar do vínculo político com a capital espanhola, Madri, esta região experimentou notáveis desenvolvimentos industriais e econômicos ao longo do século XII, além da ascensão do movimento intelectual renascentista no século XIX, que esteve na matriz da luta pela emancipação da Catalunya, com princípios motivacionistas de valorização da identidade cultural e resgate do idioma catalão (Pena, 2017).

Em 1932, os catalães obtiveram breve vitória em seus objetivos com a aprovação, reconhecida por Madri, do estatuto catalão que garantiu a formação de um governo autônomo e a Proclamação da República Catalã. Contudo, o período ditatorial de Francisco Franco (1939-1977) que veio logo a seguir, foi marcado por perseguição aos movimentos de emergência de estados nacionais proibindo até mesmo o emprego do idioma catalão (Pena, 2017).

Após o período de exceção Franquista, com o sentimento de liberdade catalão ainda mais aflorado, o Estado da Catalunya e a língua catalã foram mais uma vez reconhecidos. Esta última, inclusive, como um dos idiomas oficiais da Espanha. Trata-se do surgimento das Comunidades Autônomas de Espanha, reconhecidas constitucionalmente e com estatutos próprios, capazes de eleger seus respectivos representantes e munidas de autonomia legislativa e executiva. No entanto, é uma soberania com limites em relação ao poder do Estado, especialmente no que tange aos aspectos econômico e fiscal, que não satisfez completamente o desejo latente pró-independência catalã frente à tutela hispânica (Pena, 2017).

González e Añez (2011) explicam que as eleições ao parlamento catalão que se seguiram em 1982, 1984, 1988 e 1992 tiveram vitórias significativas do nacionalismo catalão edificando o percurso de fortalecimento dos pressupostos autonomistas na região.

A questão da imigração também é bastante delicada para a discussão da independência da Catalunya. No período entre 1950 e 1970, a região recebeu mais de um milhão de imigrantes oriundos de várias regiões espanholas com particularidades identitárias distintas e de difícil conciliação entre si, e mais ainda com o Estado espanhol. A heterogeneidade demográfica chega a apresentar um terço da população sendo originária de outras localidades do país o que dificulta o diálogo e integração do sentimento catalão (González & Añez, 2011). Essas problemáticas constituem forte apelo e justificativas do governo regional catalão para separar-se da Espanha nos espectros político e econômico. Filipe Romão (2016) entende que com a abertura política espanhola, a promulgação da democracia fortaleceu a descentralização territorial e os nacionalismos periféricos. Nas palavras do autor:

O produto desta equação foi uma monarquia parlamentar e um regime territorial descentralizado autonómico. Os dois principais partidos de esquerda, o Partido Socialista Obrero Español (PSOE) e o Partido Comunista de España (PCE), defendiam o modelo federal e chegam a aludir ao reconhecimento do direito a autodeterminação dos povos, algo absolutamente incompatível com as teses centralistas dos militares e da direita espanhola. (Romão, 2016, p. 60)

Além do pleito de 2017, podemos citar os referendos de dezembro de 2009; fevereiro de 2010; abril de 2010 e abril de 2011. Apesar de em todos os pleitos o resultado ter sido favorável à independência da região, demonstra-se que a participação popular vem diminuindo a cada nova votação e que a porcentagem da população apta a votar não corresponde a maior parte da população (Correio do Minho, 2010).

Romão (2016) salienta a importância do Referendo realizado em 2014, como ferramenta de manifestação popular mais abrangente à medida que expandiu o quantitativo de eleitores ao aceitar o voto a partir dos dezesseis anos — na lei espanhola o voto é permitido a partir dos dezoito anos — além de permitir a votação de pessoas de origem européia e suíça, desde que vivessem há mais de três anos na Catalunya. Tais estratégias objetivaram demonstrar o reconhecimento da questão pela população como uma causa legal, ao contrário da determinação advinda de Madri, realizando, assim, pressão e crítica ao posicionamento do governo central.

Os movimentos separatistas também ocorrem em outros lugares da Europa, por motivos locais específicos, mas que também são influenciados pelo contexto da União Européia (UE). Segundo Proença (2014), a UE tem uma constituição favorável à sustentabilidade autônoma dos países, independentemente de suas configurações internas, pois fornece relação com os mercados mundiais, livre circulação de bens, pessoas, serviços e capitais, proteção militar, fundos comunitários, dentre outras vantagens.

No entanto, algumas críticas e argumentações comuns de regiões autonomistas também são comuns em localidades que não apresentam tais ambições. Como por exemplo, o poder centralizador das capitais em relação a regiões mais periféricas, as desigualdades econômicas entre diferentes regiões e o desejo de maior autonomia local (Proença, 2014). A Europa traz em si uma história de sentimentos emancipacionistas, como exemplos Proença (2014) cita a Irlanda do Norte e o País de Gales no Reino Unido; o País Basco na Espanha; Flandres na Bélgica; Tirol do Sul e Córsega na Itália; Bretanha na França e Baviera na Alemanha

3. Metodologia

O modelo analítico que nos serve como parâmetro aqui é a análise crítica do discurso (ACD) que estuda, segundo a perspectiva de van Dijk (2005, p. 19), “o modo como o abuso do poder social, a dominância e a desigualdade são postas em prática, e igualmente o modo como são reproduzidos e o modo como se lhes resiste, pelo texto e pela fala, no contexto social e político”.

O autor compreende a ACD como inserida nos Estudos Críticos do Discurso (EDC), tendo como justificativa não apenas uma abordagem analítica, mas no contributo teórico e na aplicação deste. No nível micro analítico, os empregos da linguagem, discurso e comunicação expandem-se para a dimensão macro, composta pelas relações de poder, dominação e desigualdade, que exigem uma reflexividade nos âmbitos discursivo, social, político e cognitivo, para compreender as representações sociais.

Outro conceito caro ao teórico e que precisa ser cuidadosamente observado é o de ideologia: "É desta forma que os cidadãos se identificam, comunicam e actuam como membros de grupos. É deste modo que as atitudes sociais são formuladas e difundidas na sociedade; é fundamentalmente desta forma que o poder e a dominação são hoje exercidos" (van Dijk, 2005, p. 15). As ideologias existem em todos as situações e expressões comunicacionais, como nas notícias da imprensa e no discurso político, assim, é fundamental perceber seus modos de reprodução.

O jornalismo é uma atividade e um campo social em que pesam, de formas conflitantes, sua função de movimentação da engrenagem informacional de forma passiva e submissa às imposições mercadológicas e ideológicas de grupos políticos e empresariais, e, por outro lado, como sujeito que garante a si a reputação e o papel legítimo de guiar suas próprias escolhas (Gomes, 2004).

O encontro do jornalismo com a política acontece de três formas diferentes no que tange ao “conjunto de práticas instituídas, de costumes e de habilidades que formam um padrão social” (Gomes, 2004, p. 45). Tais modelos não estão afastados temporalmente, mas se sucedem e coexistem com diferentes graus de atuação. O primeiro modelo é dividido entre o surgimento da imprensa de opinião (Gomes, 2004, p. 46), fundamental para o conhecimento da esfera civil sobre o universo político, portanto, de enfrentamento dos interesses políticos obscuros e esclarecimento da ordem política para o público.

A outra face desse modelo é a imprensa de partido (Gomes, 2004, p. 47), quando esta passa a integrar as instâncias do Estado e não mais fazer oposição às determinações deste, dividindo-se, assim, entre “periódicos governistas e periódicos de oposição” (Gomes, 2004, p. 47). E, finalmente, o terceiro modelo é o da imprensa empresarial (Gomes, 2004, p. 50), organizada em conglomerados, aberta aos investimentos publicitários, pautada na indústria da informação e tributária da cultura do entretenimento como formas de produção de mensagens para uma ampla audiência.

Os critérios de seleção dos jornais analisados se justificam, além de sua notoriedade no mercado de consumo informativo espanhol e da visibilidade dada à temática, pela tensão entre esses modelos de jornalismo que mesmo coexistindo, sobrepõem posicionamentos ideológicos e interesses partidários, em defesa de grupos políticos e governos que criam identificação de lados e, consequentemente, um discurso antagônico entre eles, mesmo defendendo a independência do debate público.

Para tanto, definimos categorias de análise a serem observadas de forma comparativa entre os quatro impressos, focalizando três aspectos do conteúdo: (1) os discursos acionados na cobertura dos periódicos para a construção do objeto de estudo, o Referendo de Independência da Catalunya; (2) a constituição das pessoas do discurso, os jornais e (3) o emprego predicativo dos objetos do discurso, ou seja, as autoridades públicas, eleitores e demais agentes envolvidos na representação periodística do processo eleitoral.

Não podemos avançar para a análise do objeto de estudo sem antes destacar que as capas constituem um espaço nobre para a exibição de imagens. O destaque dado às notícias neste local é comumente ilustrado por elas de forma a complementar o texto, como também reforçá-lo, podendo ainda, por si só, criar possibilidades de leitura diversas. Como esclarece Joly (1994):

As imagens transformam, portanto, os textos, mas os textos, por sua vez, transformam as imagens. Aquilo que lemos ou ouvimos a propósito das imagens, o modo como a literatura, a imprensa e a sinalização se apropria delas, as trituram e apresentam, determina necessariamente a abordagem que em seguida faremos. (Joly, 1994, p. 153)

As imagens transformam, portanto, os textos, mas os textos, por sua vez, transformam as imagens. Aquilo que lemos ou ouvimos a propósito das imagens, o modo como a literatura, a imprensa e a sinalização se apropria delas, as trituram e apresentam, determina necessariamente a abordagem que em seguida faremos. (Joly, 1994, p. 153)

Castells (2017) alerta para o problema da violência judicializada pós dia 1° de outubro, pois a União não pode evitar a repressão policial já que pode prejudicar a imagem da Europa como modelo democrático por permitir posições autoritárias face à natureza política da questão. O fato é que independentemente de ser inconstitucional, existe um apelo social muito forte pela mudança no atual quadro político-administrativo da Espanha, o que exigiria um novo debate e concessões na Lei.

Este autor reflete sobre a violência nas imagens de repressão policial que foram excessivamente midiatizadas e chocaram a opinião pública internacional, o que motivou as lideranças europeias a solicitar o diálogo entre as partes em conflito. Contudo, a política necessita dos espaços midiáticos para se aproximar da esfera pública, pois é a partir daquilo que se apresenta efetivamente neles que se formam opiniões e comportamentos políticos desejáveis de forma a criar hegemonias ou contra hegemonias, como observaremos nos embates ideológicos dos jornais.

Os periódicos aqui analisados, trazem, portanto, uma agenda de construções discursivas, sentidos e práticas sociais imersos em valores políticos em um momento de forte polarização eleitoral que potencializam a cobertura midiática impressa e enriquecem a análise do tratamento dado ao objeto de estudo.

4. O Referendo de Independência da Catalunya nos jornais
4.1 El País

O jornal nasceu em 1976 e atualmente é a maior referência em jornalismo e audiência na Espanha. Seu princípio está ligado ao retorno da democracia sociopolítica no país, após o período de ditadura imposta por Francisco Franco (1939-1977). A publicação do periódico é diária, o posicionamento político é nacionalista e independente institucionalmente. El País prima pelo relacionamento profícuo entre gestores, jornalistas e leitores do jornal. A matriz em Madri coordena o trabalho das filiais localizadas em outras comunidades espanholas, como Catalunya, Sevilha, Valencia e Galizia. Possui, ainda, circulação em todos os continentes, em torno de 45 países (Barrere & Almeida, 2017).

Em 1996, o jornal foi adaptado ao meio online e a partir de 2000 surgiu nas mídias sociais, tornando-se, assim, mais abrangente globalmente. Na internet, o jornal possui edições em espanhol, inglês e português. A versão em português começou a ser exibida em novembro de 2013, graças ao crescimento substancial do público brasileiro no veículo eletrônico, surgindo então, o El País Brasil (Barrere & Almeida, 2017). Segue capa do jornal El País na Figura 1:



Figura 1

Capa do Jornal El País do dia 2 de outubro de 2017

Iniciamos a descrição do jornal observando o slogan: "O periódico global[1]", autodenominação do jornal que vem buscando expandir seu alcance e influência pelo mundo. Em letras pequenas azuis, lê-se o primeiro título: "Crise institucional séria pela desobediência do governo catalão", logo abaixo a manchete maior, diz: "Rajoy proíbe pela força o referendo ilegal", em seguida, inicia-se o seguinte texto: "Puigdemont[2] dá por vencida a consulta e anuncia que haverá uma declaração unilateral de independência da Catalunya nos próximos dias", apresenta-se a imagem principal da primeira página com sua legenda: "Os eleitores de um colégio eleitoral em Girona lutam com os agentes antidistúrbios da polícia nacional que veio fechar o centro e aproveitar as pesquisas".

Encontramos ainda outras pequenas notas com informações sobre o referendo: "Polícia e guarda nacional entraram nos colégios ante a passividade dos Mossos", "O presidente chama os partidos e pede para comparecerem perante o Parlamento", "Sánchez[3] exige que Rajoy abra uma negociação política com o governo" e "Rivera[4] mantém seu apoio ao Executivo e exige eleições na Catalunya". Mais abaixo, no rodapé ao lado esquerdo, o editorial do jornal - conteúdo opinativo que representa a visão do jornal, ou de seus dirigentes, sem precisar se revestir da diretriz de imparcialidade jornalística - apresenta o seguinte título: "Diante da insurreição a lei, mas não apenas a lei", seguido do texto abaixo:

O Governo da nação, por um lado, e o Governo da Generalitat[5], por outro lado, se precipitaram para cantar a vitória após o dia vergonhoso que os cidadãos da Catalunya foram forçados a viver por causa da arrogância xenófoba - em aliança com as forças anti-sistema - que Carles Puigdemont representa e a incapacidade absoluta de gerenciar o problema de Mariano Rajoy desde o início desta crise. Mas longe de ter ganhado nenhum daqueles que, infelizmente, podemos agora chamar dois lados em conflito, ontem foi uma derrota para o nosso país, pelos interesses e direitos de todos os espanhóis, seja catalão ou em qualquer outro lugar na Espanha, para o destino da nossa democracia e para a estabilidade e o futuro do sistema de convivência que há quase quarenta anos atrás vivemos. (Europapress, 2 de outubro de 2017)

Os principais discursos acionados sobre a temática são: crise político-institucional na Espanha; a legalidade do Referendo; a atuação das polícias nacional e local frente à obrigação de responsabilidades a cumprir; a manifestação do governador Puigdemont; questões políticas que envolvem outros agentes políticos. Os enunciados expostos com o auxílio de elementos visuais de diferentes tamanhos e em determinadas sequências organizativas que a organização da capa possibilita produzem sentidos que evidenciam o ponto de vista político do jornal.

Segundo van Dijk (2005, p. 27), as "estruturas do discurso influenciam as representações mentais". Para os leitores dos jornais, os títulos carregam a informação mais importante da notícia, correspondendo, assim, ao ápice dos seus modelos mentais preferenciais. Primeiramente, percebemos como uma das possibilidades de leitura que o periódico atribui à desobediência do governo catalão a crise e a instabilidade institucional que assola o país, como se ao "forçar" o referendo, considerado na manchete maior "ilegal", estivesse a contribuir para a lacuna entre catalães e os demais espanhóis.

A compreensão do contexto histórico por parte do leitor é fundamental para que este perceba os anseios autonomistas como um discurso imediatista, insensato e injustificável que cria medo, insegurança e crise entre a população, ou recorra à memória coletiva e entenda que os anseios separatistas são históricos e estão ancorados em questões identitárias e político-econômicas mais profundas.

O contexto a partir do texto, pode influenciar os direcionamentos das relações de poder, pois é o modo como os produtores da comunicação assimilam os aspectos do evento em questão nos seus "modelos contextuais mentais" (van Dijk, 2005, p. 48) que vai influenciar o texto. Tais modelos correspondem às representações mentais que atuam nas propriedades do discurso, pois para entender este é preciso criar um modelo. Van Dijk (2005, p. 24) define contexto como "estrutura mentalmente representada das propriedades da situação social que são relevantes para a produção e compreensão do discurso". Van Dijk (2005) entende que os discursos apenas dão a ver parcelas do conhecimento, sendo a grande parte pressuposta como saber coletivo partilhado culturalmente e fundamental para apreender as notícias de forma mais ampla e reflexiva.

Outra notícia recorrente está relacionada à suposta ilegalidade da consulta. Não reconhecida pelo governo central por ferir a constituição espanhola e, portanto, não autorizada a acontecer. Aqui o discurso deslegitima a autenticidade do ato público, para descredenciá-lo enquanto mecanismo de exercício da cidadania, mas veladamente existe uma certa preocupação com a força que esta grande participação popular ganhou, com o resultado das urnas, esmagadoramente favorável à independência da Catalunya e com as consequências deste para os futuros desdobramentos político-administrativos do país.

A violência na interdição aos colégios eleitorais e à manifestação dos eleitores é justificada pelo fato do referendo ser considerado ilegal. A ação rígida da polícia e da guarda civil nacional é dada como correta para proteger a ordem e integridade nacional, enquanto a chamada "passividade" dos Mossos, polícia catalã autônoma, simpatizante da emancipação da região, é criticada. A violência está estampada não apenas na escrita, mas principalmente na fotografia principal que mostra o embate físico entre a segurança e a população.

É possível inferir na imagem que a população enfrenta os policiais, ataca-os, causando confusão. Por seu lado, estes colocam-se em posição de defesa, apenas cumprindo a sua função naquele momento. A estética, aqui, pode estar relacionada ao sentimento de repulsa gerado nos leitores pela violência, seja dos policiais, seja da população, dependendo de que ponto de vista eles estejam defendendo ou criticando. A participação dos políticos também é enfatizada. Fala-se do posicionamento austero de Mariano Rajoy em coibir a votação popular que vai contra o Estado de direito. Por outro lado, a comemoração de vitória do governo catalão com o resultado das urnas, não apresentado pelo jornal, e o desejo de seguir com a declaração de independência da Catalunya. Aos outros dois políticos espanhóis mencionados, são atribuídos títulos mais apaziguadores, em sugestão de diálogo entre as partes diante da crise civil interna e de afirmação de apoio ao governo e demanda de novas eleições.

O editorial é outro texto que chama a atenção pelo seu tom opinativo mais agressivo e radical ao criticar a validade do pleito através do emprego de termos como "vergonhoso" para descrever o sentimento dos catalães em relação ao dia da consulta. A "arrogância xenófoba" atribuída a Puigdemont como o principal mentor e executor do projeto de independência da Catalunya por preconceito às diferenças identitárias inerentes à região e ao restante do país. E a "incapacidade" de lidar com a crise política do presidente Rajoy. A animosidade entre os dois lados em disputa é colocada como uma ameaça à democracia, à estabilidade e à harmonia do convívio dos espanhóis.

Mais uma vez, a contextualização histórica de anseios independentistas é secundarizada em nome de um posicionamento autoritário de uma liderança política. O desejo da própria população catalã, impresso nas urnas, é negligenciado e distorcido. Para os cidadãos da Catalunya que votaram no Sim não foi um dia vergonhoso, mas, efetivamente, um dia de vitória, mesmo que simbólica. Pela primeira vez, a questão da identidade foi tocada, questão crucial para compreender a luta autonomista, que busca historicamente o reconhecimento e o exercício de suas especificidades culturais, como a soberania do idioma catalão na região, por exemplo. Diante da análise exposta, compreendemos que o posicionamento do jornal El País é contrário ao Referendo de Independência da Catalunya e à separação da região da Espanha, alinhado aos objetivos nacionalistas do governo central de manutenção do território espanhol, mas crítico face à fraqueza de postura da União.

4.2. El Periódico de Catalunya

Em 1978, surgiu o El Periódico de Catalunya. O jornal impresso diário, também possui edições eletrônicas nas línguas catalã e castelhana, tendo mais reconhecimento na Comunidade Autônoma da Catalunya, especialmente em Barcelona, onde possui a maior audiência da Espanha. Em termos políticos, a direção do jornal simpatiza e milita em prol do objetivo independentista catalão, com perfil não nacionalista e progressista (Santos, 2015).

O slogan do periódico ­— "Para gente comprometida" ­— já nos remete à natureza política do jornal de militância pró-independentista da região catalã e de mobilização de seus leitores para participação na causa autonomista. O título principal vem se tornando recorrentemente utilizado na mídia ao tratar do pleito separatista da Catalunya — "Insurreição", ou seja, ato de rebelar-se, de opor-se, de forma contundente contra um regime estabelecido por não concordar com este e, portanto, em busca de mudanças.

Abaixo do título maior encontramos duas pequenas notas: "O independentismo quer proclamar a república com dois milhões de votos do Sim" e "Sindicatos e entidades soberanistas convocam greve geral para amanhã". E mais abaixo trechos da fala das seguintes figuras políticas: Carles Puigdemont, "Levaremos o resultado do referendo ao parlamento para que faça o que prevê a lei"; Mariano Rajoy, "O referendo na Catalunya não existiu porque prevaleceu a democracia" e Pedro Sánchez, "As imagens de hoje não podem agradar a nenhum democrata. Exigimos uma negociação".

O leitor depara-se, então, com a maior imagem da capa, acompanhada da seguinte legenda: "Barcelona. Polícia Nacional antidistúrbios desalojam a escola Ramon Liull", ainda na foto outra notícia é impressa em destaque com um fundo vermelho: "Repressão intolerável. A Generalitat cifra em 844 feridos após um dia de investidas policiais". No rodapé da página de capa consta os nomes dos escritores das crônicas da edição do periódico: J. Rico; F. Masreal; X. Barrena; J. G. Albalat; C. Cols; P. Castán; C. Márquez; J. Regué e R. M. Sanz. Ao lado, o título do editorial: "Fracasso coletivo" e por último, a informação sobre as páginas do tema do dia, da 2ª a 25ª e mais o editorial, ou seja, parte considerável da edição voltada a informar e opinar acerca do Referendo de Independência da Catalunya. Segue a capa do El Periódico de Catalunya na Figura 2:



Figura 2

Capa do Jornal El Periódico de Catalunya do dia 2 de outubro de 2017

A primeira notícia apresenta, mesmo que parcialmente, o número de votos do Sim à independência, proclama a vitória do independentismo e o anseio dos eleitores pela constituição da República catalã. Diferentemente do que o El País chamou de vergonha e desinteresse do povo, assim como não declarou o resultado da votação, informação de interesse público, independentemente da audiência do jornal. Tal modo de escrita vai ao encontro da explicação de van Dijk (2005, p. 27): "a argumentação pode ser persuasiva por causa das opiniões sociais que estão 'escondidas' nas suas premissas implícitas e que são assim dadas como adquiridas entre os receptores".

A segunda notícia explicita o papel militante do jornal como mediador dos objetivos autonomistas junto à sociedade, especialmente em Barcelona onde encontra sua maior audiência, no sentido de organizar e convocar a população para os próximos passos dando seguimento à luta. Implicitamente é demonstrado que a vitória é simbólica, não definitiva, pois ainda há muito caminho a percorrer para que as transformações ocorram na prática, em decorrência do rigor legislativo e das forças que se chocam contra a criação da república.

O jornal trouxe trechos de depoimentos de importantes agentes políticos envolvidos no processo que recorreram a questões legais e partidárias para fortalecer seus discursos. Enquanto Puigdemont confia na justiça e busca apoio do parlamento para tornar o resultado possível, Rajoy não reconhece o pleito político como um todo por ir contra a democracia, deslegitimando sua ocorrência e seu resultado. Por sua vez, Sánchez assume uma postura de crítica às imagens violentas observadas do acontecimento e exige negociação para apaziguar os ânimos e chegar a um consenso.

Na fotografia observamos policiais que cercam e imobilizam um homem. O rapaz expressa revolta e bastante descontentamento. É possível observar que ao ser segurado pelos agentes, ele se lança contra os mesmos e grita, seja porque o gesto é doloroso fisicamente, seja pela tentativa de libertar-se. A imagem produz sentidos de que os policiais abusam da força e da opressão de forma covarde, muitos contra um, no intuito de coibir a manifestação popular nos colégios eleitorais, como complementa a legenda da foto.

A redação do jornal repudia a repressão ostensiva da polícia nacional e aponta o quantitativo de civis feridos no dia da consulta, dados entregues pelo governo regional. O que suscita a carga de violência despendida pela guarda do Estado e acusa seu posicionamento antidemocrático. Percebe-se que o El Periódico de Catalunya atribuiu certa ênfase às informações numéricas mostradas, diferentemente do El País que não as apresentou. Ao analisar motins que geraram embates físicos entre grupos minoritários e autoridades, van Dijk (2005) elucida que os atos de violência são comumente embaçados e a responsabilização ou o excesso, silenciados.

Ambas as imagens principais reproduzidas pelos dois periódicos trazem a temática da violência que dominou os embates entre a polícia nacional e a população que decidiu proclamar o seu voto no dia da consulta. No entanto, os sentidos ofertados em cada jornal foram opostos e corroboraram o posicionamento político voltado para a busca de formação de opinião e ação por parte da população e demais entidades e sujeitos sociopolíticos. É possível inferir, ao observar cuidadosamente as imagens que, enquanto o El País construiu um discurso de necessidade de ação policial pacífica para defender a democracia contra um referendo ilegal, o El Periódico de Catalunya condenou as duras investidas dos agentes contra a população que estava em seu direito de opinar democraticamente.

Para aclarar a questão do fracasso coletivo, título do editorial do El Periódico de Catalunya, recorremos ao artigo do jornalista Bruno Lopes (2017) que explica que ainda falta legitimidade democrática à independência da Catalunya dentro desta comunidade local, pois apenas 40% dos eleitores decidiram pelo Sim à república, o que está longe de representar a maioria da população como querem os políticos autonomistas que tentam acionar o nacionalismo popular contra a crise econômica cuja responsabilidade é atribuída ao governo espanhol, além da importância dada ao vínculo cultural, identitário, à demanda de maior liberdade política e econômica para a Catalunya.

4.3. El Mundo

Nascido em 1989, o El Mundo del Siglo, chamado apenas de El Mundo, é considerado um dos maiores e mais influentes jornais da Espanha. Com sede em Madri, possui circulação nacional, mas investe em edições regionais e locais. A linha editorial do periódico se define como liberal, com traços conservadores em relação à política e crítico das negociações do governo com grupos nacionalistas periféricos. Segue a capa do jornal analisada na Figura 3.



Figura 3

Capa do Jornal El Mundo do dia 2 de outubro de 2017

A manchete do jornal: "Puigdemont proclamará a independencia 'em dias'", em letras menores logo abaixo a redação enfatiza: "O fracasso do eferendo ilegal leva a uma rebelião aberta por parte dos separatistas nas acusações policiais para solicitar o apoio da União Européia à separação unilateral". Ao lado deste título uma chamada para ler o artigo "O presidente se esconde" de Daniel Sastre nas páginas 4 e 5. Mais abaixo seguem outros títulos com pequenos textos convidativos para o leitor ler a matéria completa dentro do jornal: "Rajoy oferece diálogo a todos os partidos 'sem fechar portas'", "Sánchez reafirma seu apoio ao Estado de Direito e rejeita a oferta de Podemos para expulsar o presidente".

O presidente do governo divulgou ontem um fracasso na tentativa da Generalitat de realizar um referendo e anunciou sua decisão de invocar todas as forças parlamentares para iniciar uma 'reflexão sobre o futuro' a partir de hoje. Um diálogo assegurou, dentro da lei, mas 'sem fechar as portas'. (Europapress, 2 de outubro de 2017)

Seguem os títulos: "O governo viola até sua própria lei de 1-O, "A votação foi realizada sem qualquer garantia" e o pequeno texto:

A Generalitat alterou ontem, uma hora antes de iniciar a votação, as regras da mesma: censo universal e cédulas sem envelopes impressos em casa. Uma tentativa de tentar mexer com a ação da polícia, mas isso significava deixar sem garantia o processo e transgredir a Lei de Referendo aprovada pelo Parlamento. (Europapress, 2 de outubro de 2017)

No lado direito duas grandes fotografias do dia da consulta. Abaixo da primeira imagem a seguinte legenda: "As Unidades de Intervenção Policial (UIP) enfrentam cidadãos em um centro de votação em Barcelona", o crédito da imagem é atribuído a Biel Aliño. A outra legenda diz o seguinte: "Oriol Junqueras saúda a um 'mosso' na porta de seu colégio eleitoral, ontem, em Barcelona", o autor da foto é Antonio Moreno. Abaixo das imagens é possível ver ainda o título "Os Mossos traem o Estado", seguido dos pequenos subtítulos: "Oito juízes iniciam processos contra a polícia catalã/A intervenção da Polícia Nacional e da Guarda Civil nas escolas provoca centenas de feridos". Por fim, o editorial do jornal é: "Nem um minuto a perder com o independentismo".

O jornal constrói o discurso de ilegalidade da consulta, permeado por violações legais em todo o processo e transgressões que comprometem a própria garantia do pleito, este é reduzido a uma rebelião separatista como forma de conseguir apoio internacional, a redação do jornal descredencia a consulta ao chamá-la de fracassada. Outro discurso construído é o de abertura ao diálogo por parte do governo do Estado com todos os partidos e o parlamento. Demonstra-se que a Catalunya não será um país independente, mas há uma aparente intenção de refletir sobre a questão para possíveis concessões. Um terceiro discurso passível de apreensão é o da violência empreendida no dia da votação pelas Unidades de Intervenção Policial contra a população que tentava adentrar os colégios eleitorais para votar, violência esta justificada pela ilegalidade do ato como se a polícia nacional estivesse cumprindo o seu papel para garantir o Estado de Direito. O que fica claro na acusação de que os Mossos — polícia da Catalunya — traíram o Estado ao não atuarem da mesma forma que a guarda civil.

Em relação aos atores mencionados e como são representados, observamos as indicações de alguns políticos com maior envolvimento na discussão. Carles Puigdemont, jornalista e atual governador da Comunidade Autônoma da Catalunya, segundo o El Mundo, tenciona proclamar a independência da região em alguns dias pós-pleito, mas no título seguinte sobre a rebelião dos separatistas, o efeito discursivo produzido é de invalidação das intenções do militante declarado da causa autonomista, cujos objetivos seriam oportunistas e unilaterais, não representando a maioria da população. Mariano Rajoy, governador do Estado espanhol, também é mencionado em perspectiva dominante pelo tamanho do título que lhe diz respeito, como o presidente disposto ao diálogo e a negociações mais pacíficas em prol dos interesses de todo o país. Sobre Pedro Sánchez, parlamentar membro do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o jornal diz que apesar do político defender o Estado de Direito, ele não pretende unir-se ao partido Podemos para expulsar o presidente Puigdemont, um posicionamento frágil e questionado pelo jornal.

As Unidades de Intervenção Policial, polícia nacional, guarda civil e Mossos d'Esquadra, também apresentam certo poder de enquadramento nas fotografias. Na primeira imagem, enquanto as entidades nacionais são colocadas como defensoras do Estado de Direito, a segunda foto mostra o político Oriol Junqueras, do Partido Esquerda Republicana da Catalunya, cumprimentando um membro da polícia catalã, o título seguinte que aborda a traição dos Mossos ao Estado, foi estrategicamente pensado para desqualificar não só a polícia catalã, mas também a atitude do parlamentar.

Ao falar do referendo, do governo catalão e de seus simpatizantes e seguidores, termos como "ilegal", "violação", "transgressão", "traição", "separatismo", "rebelião" e "fracasso" foram utilizados. Por sua vez, o governo central esteve associado a orações como diálogo, "reflexão sobre o futuro" e "sem fechar portas". A retórica do jornal consiste em deslegitimar a figura e os objetivos dos primeiros, ao atribuir-lhes aspectos pejorativos e representar o segundo de forma positiva e razoável.

Os fatos selecionados para a capa do jornal diziam respeito só ao dia do pleito, estavam ancorados em figuras políticas, sem menção da população que quer a independência da Catalunya e da contextualização histórica das disputas pela emancipação da região, o que é característico dos discursos midiáticos fragmentados. A composição, como já foi demonstrada acima, buscava deslegitimar e classificar negativamente o referendo e todos os atores sociais que o apoiam.

Podemos inferir que o posicionamento do El Mundo é contrário ao Referendo de Independência da Catalunya por considerá-lo ilegal e transgressor da atual configuração normativa da Espanha. Portanto, seu discurso foi de legitimação das forças contrárias ao referendo e de deslegitimação das favoráveis, o que também evidencia um papel politizado em relação a esta temática.

4.4. La Vanguardia

O La Vanguardia surgiu em 1881 com circulação nacional e edição em castelhano. A partir de maio de 2011, a versão catalã ganhou espaço nas edições impressas e digitais, o que causou grande euforia da população e dos políticos, graças à grande notoriedade que o jornal possui em Barcelona. A ideologia política do La Vanguardia é liberal e de centro esquerda e recebe subsídios da Generalitat, o que faz com que o jornal seja defensor e militante da causa autonomista. Segue abaixo a capa do jornal La Vanguardia a ser analisada na Figura 4:



Figura 4

Capa do Jornal La Vanguardia do dia 2 de outubro de 2017

A principal manchete do jornal é "O Governo reprime o 1-O". Embaixo, quatro subtítulos menores informam com o editorial no meio: "As investidas da polícia e da guarda civil causam 844 feridos, dois deles graves", "Os Mossos evitam o choque e se escondem atrás da ordem judicial recebida", "Rajoy: Fizemos o que tínhamos que fazer diante de um ataque ao Estado de direito", "ANC, Òmnium, sindicatos e empregadores convocam uma greve geral para amanhã". O editorial diz: "Propostas para sair do drama". A principal foto da capa, em tamanho considerável bem ao centro, é exibida com a seguinte legenda: "Sem contemplações. A guarda civil luta com um homem em um colégio de Sant Julià de Ramis, onde devia votar Puigdemont", a indicação de leitura do texto é na seção Política, páginas 16 a 45. Logo abaixo, outro título grande: "Puigdemont declarará a DUI[6] no Parlamento em alguns dias". Segue uma citação do presidente da Catalunya: "Catalunya tornou-se um estado independente", e o texto:

Carles Puigdemont, ontem à noite, enviou três mensagens sobre um dia em que, de acordo com fontes do Govern, 2,2 milhões de pessoas votaram (90% pelo sim). A primeira foi uma crítica da "brutalidade policial" e da "repressão enlouquecida" praticada contra os eleitores. O segundo, um apelo à UE para deixar de considerar o conflito catalão um "assunto interno" espanhol. E a terceira foi sua intenção de levar ao Parlamento os resultados da votação para decidir se deve declarar a independência. (Europapress, 2 de outubro de 2017)

As temáticas presentes na capa do La Vanguardia podem ser organizadas em dois pontos: a violência e a vitória do Sim. A primeira delas é a denúncia da violência exacerbada cometida pela polícia nacional e pela guarda civil, presentes na fala acusatória de Puigdemont, na justificativa de Rajoy, na indicação do número de feridos nos conflitos, na fotografia principal que demonstra policiais fardados arrastando um homem pela rua, enquanto outros seguranças, em plano de fundo parecem ir contra a população e na perspectiva dos Mossos, que optaram por não aderir à violência. A segunda estratégia discursiva é mostrar a vitória do Sim e pedir apoio à população, com a convocação de greve geral, e ainda dos políticos no parlamento e da União Européia. Os objetos parecem estar bem sintetizados nas mensagens de Puigdemont.

Aliás, a figura política de Puigdemont teve destaque na capa do jornal, o que faz dele o principal ator mencionado e com alto poder de enquadramento, pois fala-se dele, abre-se espaço para ele se expressar e há ainda referência ao governador na fotografia. Além dele, Rajoy aparece se esquivando da responsabilidade pela violência autorizada, os policiais que foram acusados de excessos e de covardia em suas ações, os Mossos que foram apaziguadores e a União Européia. O vocabulário e estilo de escrita é bem incisivo ao acusar a intolerância do Estado à manifestação popular com graves e muitas ocorrências de violência, termos como: "reprime", "feridos, "graves", "sem contemplações", "luta", além das próprias palavras de Puigdemont: "brutalidade policial" e "repressão enlouquecida". Também empregou palavras fortes para legitimar o resultado do referendo: "Estado independente" e "DUI". O periódico posiciona-se favorável à independência da Catalunya, o que também demonstra o perfil politizado do jornal em sua proposta discursiva de buscar legitimidade para a causa autonomista junto à população, ao Estado e à União Européia.

Finalizamos a análise comparativa nos jornais destacando que, na capa do El País, foram exibidas algumas pequenas notas, mesmo que de maneira mais discreta no canto da página, sobre outros fatos. Os demais impressos: El Mundo, El Periódico de Catalunya e La Vanguardia só trouxeram notícias sobre o referendo. Outra diferença entre os jornais, é que alguns publicaram o editorial na capa, enquanto outros exibiram apenas o título, obrigando o leitor a folhear as páginas para encontrar a opinião assumida do jornal sobre a temática.

Em síntese, no que tange às categorias de construção discursiva dos jornais, El País e El Mundo se aproximaram em suas estratégias de produção de sentidos descredibilizando a consulta, que sem validade e coerência seria passível da incorrência de toda a violência necessária por parte das autoridades públicas para ser sufocada. Os jornais demonstraram, portanto, um maior alinhamento ao governo espanhol e um posicionamento mais conservador em relação à manutenção do vínculo da região ao Estado.

Enquanto o El Periódico de Catalunya e o La Vanguardia acionaram discursos de exaltação do Referendo e de seu resultado, condenando a ação da polícia e ratificando seu posicionamento progressista pela independência da região, causa que tem força entre boa parte da sociedade catalã, portanto, evidenciando o perfil e comportamento destes jornais mais popular e militante, evidenciando os eleitores e lideranças do movimento autonomista.

5. Conclusões

Nesta análise crítica estudamos, de forma comparativa, como foram construídos e quais foram os discursos dos jornais El País, El Periódico de Catalunya, El Mundo e La Vanguardia sobre o Referendo de Independência da Catalunya para a construção social de sentidos exercidas no campo do jornalismo político. A abordagem teórico-metodológica empregada foi a análise crítica do discurso (ACD) a partir das contribuições crítica, sociocognitiva e multidisciplinar de van Dijk (2005), pois o objeto empírico exigiu tal perspectiva mais ampliada em suas relações discursivas, ideológicas e de relações de poder em contextos históricos e atuais.

Como resultados, observamos que o El País condena a manifestação popular e o ímpeto separatista e defende a ação rigorosa da polícia nacional para manter a estabilidade, união e democracia do país. O periódico utiliza, portanto, o discurso da crise na Espanha atribuída às frentes independentistas e seu ímpeto de separação do território espanhol, o discurso da ilegalidade da consulta que tem como efeito de sentido deslegitimá-la e o discurso da violência tolerável da polícia nacional, visto que o pleito fere a Constituição e o Estado de Direito do país.

Por outro lado, o El Periódico de Catalunya busca construir um discurso mais militante pró-independência e convoca os simpatizantes a unirem-se a tal projeto, também produz o discurso da vitória, mesmo que simbólica, da população catalã em direção a um sonho histórico e, por fim, o discurso da violência intolerável por parte da segurança nacional aos eleitores catalães que tiveram seu direito ao voto usurpado. Enquanto os jornais El Mundo e La Vanguardia ativeram-se a construir seus discursos com base na questão da violência física dos conflitos entre a polícia e a guarda nacional e a população que foi aos colégios eleitorais para votar.

Cada jornal narrou os fatos a partir de determinados lugares político-sociais com visões e posicionamentos ideológicos distintos. Enquanto o El Mundo buscou enfraquecer e deslegitimar o pleito e seu resultado, declarando-o ilegal e inaceitável para o Estado de direito espanhol, o La Vanguardia enfatizou a vitória nas urnas e solicitou a mobilização da população militante e o apoio das comunidades internacionais para garantir que o resultado venha a ter efeitos concretos e não apenas simbólicos.

Os jornais falaram buscando construir discursos legitimadores de seus argumentos e descredenciadores dos argumentos da opinião contrária, ou, apenas, silenciadores de questões incômodas a seus projetos de representação social da realidade. A construção discursiva foi pensada de forma a produzir motivações e justificativas de manutenção ou transformação da realidade. As ideologias dos jornais são mobilizadas de acordo com uma polarização entre grupos rivais.

O Referendo de Independêcia da Catalunya é um processo político histórico de muitas nuances e que ainda demonstra muitos desdobramentos futuros imprevisíveis. Os jornais, em suas narrativas fragmentadas e imediatistas, presas à fatualidade, não apresentaram as origens dos anseios da população, causas econômicas e culturais, o desenvolvimento do processo de busca de independência da região, as repercussões de uma mudança iminente para a Espanha e para o mundo. De certa forma, neste ponto eles lançaram mão de estratégias discursivas semelhantes, abriram espaço para os mesmos tópicos, como a violência, apenas redirecionando seus argumentos.

Material suplementar
Referências
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Notas
Notas
[1] Os textos do jornal foram reescritos já com a tradução para o português.
[2] Carles Puigdemont é, desde 2016, o governador da Comunidade Autônoma da Catalunha, militante da causa autonomista e após o resultado do referendo prometeu decretar a independência da Catalunha do governo central espanhol (Gauchazh Mundo, 2017).
[3] Membro do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
[4] Líder do Partido Cidadãos - Partido da Cidadania.
[5] Governo regional da Comunidade Autônoma da Catalunha, possui estatuto, constituição, autonomia executiva, legislativa, polícia e Suprema Corte (Gauchazh Mundo, 2017).
[6] Declaração Unilateral de Independência.
Autor notes
Evelyn Aquino é Doutoranda em Ciências da Comunicação no Instituto de Ciências Sociais, da Universidade do Minho. Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Especialista em Jornalismo, Cidadania e Políticas Públicas e Graduada em Publicidade e Propaganda, pela Universidade da Amazônia (UNAMA).


Figura 1

Capa do Jornal El País do dia 2 de outubro de 2017



Figura 2

Capa do Jornal El Periódico de Catalunya do dia 2 de outubro de 2017



Figura 3

Capa do Jornal El Mundo do dia 2 de outubro de 2017



Figura 4

Capa do Jornal La Vanguardia do dia 2 de outubro de 2017

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